Resumo porta aberta indisciplina conflito solução por quê resumo

Ambiente-se

Indisciplina Escolar: reflexivo e transformador um convite ao diálogo

José Raimundo de Jesus

Introdução

Este artigo surgiu diante da problemática indisciplina escolar, tema muito debatido e questionado por educadores brasileiros, com o intuito de colaborar com os já existentes estudos que norteiam os caminhos pelos quais tem trilhado a Educação no Brasil. De acordo com Antunes (2013), a indisciplina está centrada num tripé: a estrutura escolar, a postura do professor e a desordem do aluno. Dessa forma, sabe-se que os problemas que se tornaram rotina nas salas de aula não são responsabilidade apenas das escolas e de seus dirigentes, apesar de muitos pensarem dessa forma. Compreende-se que o papel de combater os maus comportamentos de alguns estudantes é de toda a sociedade. Para Menda (2014), os conflitos que existem na comunidade onde os alunos e as alunas estão inseridos são reproduzidos dentro da escola. Frente a essa problemática, pretende-se discutir o tema em questão com a finalidade de suscitar a atenção de educadores, da sociedade, do governo e de teóricos da Educação para que juntos possam buscar uma possível solução para a indisciplina nas salas de aula. Acredita-se, assim, ter desenvolvido, de forma eficiente, um trabalho que irá contribuir para a formação crítica e reflexiva de educadores, estudantes de níveis Médio e Superior e demais cidadãos interessados em aprofundar conhecimentos sobre os problemas educacionais no Brasil.

Desenvolvimento

Breve histórico da educação no Brasil
A educação brasileira teve início com a chegada dos portugueses no ano de 1500, mais propriamente a partir de 1549, no governo de Tomé de Sousa, que trouxe consigo jesuítas para catequizar os nativos (indígenas). Com os jesuítas vieram padrões educacionais e modelos pedagógicos europeus com o intuito de “civilizar” e ensinar a doutrina cristã ao povo que aqui havia. Tais padrões acabaram por suplantar a forma de educação exercida pela população nativa aos seus descendentes. Como forma de aprendizado, as crianças indígenas observavam o que os adultos faziam para que pudessem treinar e, assim, aprender os ofícios do dia a dia. Daí, a praticidade da educação dos indígenas, isto é, o aprendizado estava vinculado à realidade desse povo e, ao completar 13 ou 14 anos de idade, os jovens passavam por um teste seguido de uma cerimônia para que pudessem se tornar adultos.

Apesar de não possuírem um sistema de escrita, os povos encontrados pelos portugueses em território “recém-descoberto” tinham um modo de transmissão do conhecimento muito interessante, organizado e disciplinado. Diante da falta de escrita da língua tupi, os jesuítas foram os responsáveis por transformar os símbolos fonéticos em símbolos gráficos. Isso facilitaria a comunicação entre indígenas e jesuítas cuja finalidade era catequizar um povo considerado pagão perante as leis da Igreja.
Os jesuítas tiveram a incumbência de propagar a fé cristã e paralelamente fundaram os primeiros colégios na “recém-descoberta” colônia. Com a expulsão dos jesuítas em 1759, o ensino tradicional se fortalece e o Brasil deixa de ser um país de total escravidão para se tornar um Estado semiescravocata. Parte dessa mudança se deve à imigração europeia, devido à exigência do mercado por mão de obra qualificada. No currículo das Escolas Normais, prevaleceu as disciplinas de cunho pedagógico, a pedagogia tradicionalista leiga (Veiga, 2000, p. 45).

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A liberdade e a autonomia do professor diminuídas: regimento escolar
Houve um tempo em que o educador tinha autoridade não só no ambiente escolar, mas também dentro da comunidade em que estava inserido. Mesmo não recebendo a valorização necessária por parte das autoridades, o professor era figura respeitada pelas pessoas que o viam como o “detentor” do conhecimento e que merecia todo o mérito e a admiração de todos. Porém, com o passar do tempo, a figura do professor foi sendo esquecida e, na maioria das vezes, sua autoridade, autonomia e liberdade em sala de aula passou a ser vista em segundo plano, ou seja, ele tornou-se apenas um mero profissional que vende sua mão de obra e nada mais. O que nos leva a crer que se esqueceram da importância desse profissional na formação integral das nossas crianças e adolescentes, fazendo com que se tornem pessoas críticas e reflexivas em nossa sociedade, e não apenas lhes transmitindo o que é proposto pelos livros didáticos.

É claro que sabemos haver muitos educadores na atualidade que não se prendem apenas aos modelos e as práticas pedagógicas pré-estabelecidos, mas que procuram se estender além daquilo que lhes é imposto, tanto pelas leis educacionais quanto pelo regimento de cada instituição de ensino. No entanto, nem sempre os educadores têm a liberdade de exercer suas funções nesses moldes. A começar pelo regimento escolar, que muitas vezes, através da diminuição da carga horária de determinadas disciplinas curriculares, tira do profissional a liberdade de discutir temas que vão além do conteúdo proposto pela grade curricular da instituição assim como do material ofertado.

Outro fator importante é que nem sempre os educadores (professores) participam da elaboração do Plano Político-Pedagógico da(s) escola(s) em que trabalham. Indo contra o que determina a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), artigo 12, inciso IV, que diz: “Aos estabelecimentos de ensino, cabe-lhes velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente”. Já no inciso I do artigo 13 da LDB, determina-se que cada docente deve participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino. O artigo 13 nem sempre é respeitado porque, às vezes, quando o professor é contratado pela escola, ele já encontra o plano pedagógico pronto. Outro fator que deve ser ressaltado é a manutenção/atualização do projeto. É sabido que a sociedade passa por mudanças o tempo todo, e, junto a essas transformações, a escola deve se adequar, levando em conta as necessidades, tanto sociais quanto pessoais, dos alunos que se encontram em processo de formação intelectual.

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Faz-se necessária a participação constante de todo o corpo docente na elaboração do Plano Político-Pedagógico da escola, pois é ele que realmente conhece a realidade da sala de aula, assim como as necessidades dos alunos de forma grupal e individual. É preciso que o projeto esteja adequado às necessidades não só do alunado, mas também de todos aqueles que compõem e fazem parte do ambiente escolar.

Um tema não menos importante é aquele que diz respeito à autoridade do professor em sala de aula, quando se trata de indisciplina por parte dos alunos. O que se percebe na maioria das vezes são professores, principalmente nos estabelecimentos de ensino privados, acuados diante da falta de consenso entre os gestores. Muitos professores deixam de exercer sua autonomia para com o aluno indisciplinado, devido ao receio de ser repreendido pelo seu superior ou ter sua atitude de reprimir o educando desfeita.

Alunos com comportamentos inadequados em sala de aula: o que pode haver por trás disso?
É patente a situação na maioria das instituições de ensino no Brasil, sejam elas públicas ou privadas, quando se trata de indisciplina em sala de aula. É um dos temas mais comentados em reuniões de pais e professores e entre mestres, diretores, coordenadores, etc. Crianças e adolescentes que não estão nem um pouco interessados na absorção do conhecimento, pois muitas vezes só estão na escola por imposição dos pais, e fazem de tudo para chamar a atenção dos educadores, desestruturando o ambiente de aprendizagem e fazendo com que seu mau comportamento atinja tanto os professores quanto os demais alunos. Para Antunes,

Uma classe indisciplinada, acreditamos, é toda aquela que: não permita ao professor oportunidades plenas para o desenvolvimento de seu processo de ajuda na construção do conhecimento do aluno; não ofereça condições para que os professores possam “acordar” em seus alunos sua potencialidade como elemento de autorrealização, preparação para o trabalho e exercício consciente da cidadania [...] (ANTUNES, 2013, p. 6-7).

Num jogo de empurra-empurra fica uma dúvida: de quem é a culpa? O que pode ser feito com relação a determinados alunos que fazem da sala de aula um ambiente desagradável à convivência harmoniosa? Qual o papel da escola diante desse problema que se alastra por todo o País? E a família? São perguntas que nos fazemos o tempo todo, porém é pequeno o esforço de tentar amenizar o problema indisciplinar, apesar de a resposta, na maioria das vezes, estar à nossa volta. Como afirma Antunes,

Ensinar não é fácil e educar mais difícil ainda; mas não ensina e não educa quem não define limites, quem não constrói democraticamente as linhas do que é e do que não é permitido. O professor jamais deve acreditar nessa bobagem de que cada aluno já sabe o que pode e o que não pode. Ninguém cresce se não é desafiado, e todo jovem, para crescer, necessita desafiar (ANTUNES, 2013, p. 25).

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Sabe-se que, infelizmente, muitos professores se calam e se acomodam diante da indisciplina escolar, alegando que já não têm mais o que fazer, que a responsabilidade é dos pais (“educação se traz de casa”), que levam o problema para que a direção e a coordenação resolvam, dentre outras formas de “passar o bastão”. No entanto, não nos esqueçamos de que o problema é de responsabilidade de todos, pois, em se tratando de crianças e adolescentes, perante as leis brasileiras, estes não podem responder pelos seus atos, e sim os responsáveis por eles. É preciso haver bom-senso entre todas as esferas possíveis. Dentre elas: a família, os professores, os coordenadores, os diretores, as instâncias políticas, as instituições religiosas e toda a sociedade em geral, para que juntos e acordados possam chegar a uma possível solução. Ou, ao menos, à amenização do problema. Não podemos deixar que o problema “indisciplina” suplante um dos, se não o maior, bens que o ser humano pode ter na vida e que transmitirá para as gerações futuras: a educação.

Aos pais fica a incumbência de preparar a criança no ambiente familiar, mostrando-lhe limites, princípios, regras a serem seguidas. Não esquecendo que, junto com o carinho, a compreensão e o zelo, vem o respeito. Pois, sem o respeito, tanto consigo mesmo quanto para com os outros, não se constrói caráter verdadeiro e consequentemente não se fazem cidadãos de bem. Dessa forma, só se reforça a ideia de que a educação começa em casa, no seio da família, e que a escola nada mais é que a extensão do lar. É preciso desfazer a visão equivocada de muitos pais e/ou responsáveis que pensam que a escola sozinha resolve o problema indisciplinar de alguns estudantes e que à instituição escolar cabe integralmente a formação do indivíduo. Esta é uma tarefa que só funciona em conjunto, em parceria. Prova disso são as escolas que abriram as portas para a comunidade circunvizinha, fazendo com que todos os cidadãos contribuam para a formação plena e equilibrada das crianças e dos adolescentes.

A escola deve ser um espaço acolhedor, onde os pais e responsáveis possam participar do dia a dia dos estudantes, colaborando com sugestões, observando como as crianças e os adolescentes se comportam dentro e fora da sala de aula. Como eles tratam seus professores e os funcionários e também como são tratados. Os pais não devem ir à escola apenas em dia de reunião (quando vão) nem tampouco quando há alguma ocorrência envolvendo seu filho ou filha. É preciso estar presente, fazer-se assíduo e participativo na formação dos nossos jovens e das nossas crianças. Pois à escola cabe ampliar a educação doméstica e aplicar a educação formal.

À direção e coordenação das escolas cabe o dever de, em conjunto com o corpo docente, criar e executar programas internos que visem diminuir ou erradicar o problema indisciplinar. É preciso se adequar aos diversos tipos de perfis dos estudantes que frequentam a instituição de ensino. Levar em conta a classe social, a faixa etária, o histórico familiar de cada indivíduo. Mesmo que este último seja um pouco mais complexo. Para isso será necessário conhecer as famílias, como é a rotina de pais e filhos na convivência doméstica. Segundo Antunes,

Existem alunos cuja grosseria, insolência, atitudes desafiadoras e agressividade resistem e ultrapassam o limite de uma conduta serena por parte do professor, e estes casos exigem a necessidade de uma intervenção especial, e, em consenso com seus pais quando possível, necessitam ser encaminhados a outros profissionais especializados [...] (ANTUNES, 2013, p. 60).

Vamos ter aquela conversa olho no olho, de forma individual, na qual o profissional fique a sós com o pai ou a mãe, e tenha a oportunidade de expor problemas referentes às crianças e aos adolescentes no convívio escolar e, quem sabe, aqueles que se dão fora da escola, inclusive em casa.

Precisamos deixar um pouco de lado — o que não significa abrir mão totalmente — as reuniões coletivas, cujas ideias, muitas vezes, não são expressas, tampouco colocadas em prática. Muitos pais e responsáveis às vezes se sentem intimidados diante dos outros pais e não colocam aquilo que pensam e desejam em pauta. Em conjunto, muito se fala, o que não significa que todos falem, porém pouco se faz. O contrário das reuniões entre pai e/ou mãe e professor, quando se escuta de forma individual, sem a preocupação de ter que dar atenção ao pai ou à mãe seguinte.

O professor, ao escutar relatos dos pais sobre os filhos (alunos), saberá como melhor proceder com relação à forma como lidará com o aluno em questão. Isso devido à confiança que os pais depositaram no educador ao discutirem o comportamento dos filhos. O aluno, por sua vez, será observado de forma diferenciada, o que não significa excluí-lo dos demais. O professor, ao falar sobre o aluno para os pais, sejam elogios ou reclamações, fará com que tais pais estejam cientes de coisas que muitas vezes não conhecem por só acontecerem dentro da escola e que nem sempre lhes são comunicadas. Assim sendo, os responsáveis pelas crianças e adolescentes procurarão, de forma mais segura e descontraída, estarem presentes no ambiente escolar colaborando com o processo educativo.

Professor amigo não significa ser omisso à indisciplina
Sabemos que infelizmente a indisciplina escolar é um fenômeno que está longe de ser solucionado, porém não significa calar-se diante dessa situação pelo fato de que alguns ou, quem sabe, muitos de nós, estejamos desacreditados com relação à Educação brasileira. Percebemos que muitos fatores contribuem para que o sistema educacional brasileiro se torne cada vez mais defasado em se tratando de qualidade de ensino.

O professor, ao escutar relatos dos pais sobre os filhos (alunos), saberá como melhor proceder com relação à forma como lidará com o aluno em questão

A evolução da Educação no Brasil é fruto das profundas transformações sociais das últimas décadas. Com o avanço técnico-científico, o crescimento populacional e, consequentemente, a necessidade de adequação do ensino às pessoas mais necessitadas, para quem as portas dos estabelecimentos foram abertas, aumentou o descaso para com a Educação pública. Ou seja, devido à migração dos filhos da elite para as instituições particulares, em consequência de o ensino público, mesmo que lentamente, ter deixado de ser seletivo e se tornado um direito de todo cidadão, a Educação (pública) deixou de ser vista como prioridade, como outrora, pois boa parte daqueles que a compõem não pertence às classes dominantes. Os governantes, como se percebe, não têm nenhum interesse em investir na formação de indivíduos que, segundo a visão dos “opressores”, não farão parte do comando do País. Isto é, bastam apenas os ensinos Básico e Médio, porém sem muita qualidade. A preocupação maior é com a formação de pessoas que saibam ler, escrever e fazer as operações matemáticas básicas para que possam ocupar os cargos de operários e assim darem continuidade ao crescimento econômico do Brasil. Sem, no entanto, usufruirem das riquezas geradas.

Não se pode negar que muita coisa foi conquistada após muitas reivindicações por parte da sociedade e de instâncias preocupadas e descontentes com os caminhos pelos quais a Educação brasileira está seguindo. Dentre algumas dessas conquistas, podemos citar o sistema de cotas para que negros, indígenas e afrodescendentes possam ingressar em universidades, e a criação dos cursos técnicos para a formação e qualificação da mão de obra para o comércio e a indústria. Entre todos esses fatores, tanto negativos como positivos, infelizmente imperam nas instituições de educação brasileiras a indisciplina, a violência e a agressão dentro e fora da sala de aula. Entretanto, boa parte dos educadores, seja por medo ou por acomodação, já não se incomoda ou finge não se incomodar com determinadas posturas inadequadas por parte de alguns estudantes.

O professor, por se tratar de uma autoridade em sala de aula, mesmo diante das adversidades, como agressividade, uso de drogas lícitas e/ou ilícitas, histórico familiar conturbado, etc. por parte de alguns alunos, tem que se impor de alguma forma com relação à prática da disciplina. Sabemos que, apesar de haver comportamento inadequado entre alunos, quando o professor dita as regras e insiste em pô-las em prática, é certo que, mesmo não atingindo a todos, terá sucesso na aplicação da sua didática e com certeza mudará a forma de agir, pensar e se comportar de muitos estudantes em sociedade. É preciso, porém, deixar claro que autoridade não é autoritarismo. O professor não deve querer conquistar à força a colaboração dos alunos. Ele precisa conhecer primeiro os indivíduos com os quais está lidando e, aos poucos, ir adequando sua didática, seu comportamento em sala de aula à turma, mostrando respeito, compreensão, carinho e amizade. Quando as regras são explicitadas desde o primeiro dia de aula para os alunos e reforçadas a cada encontro, sem dúvida um bom caminho já terá sido percorrido para que uma boa convivência entre alunos e professores seja alcançada. Como afirma Antunes,

O aluno precisa ouvir não e, muitas vezes, a palavra firme do professor substitui a fragilidade com que as negações são trabalhadas em família. Não hesite em usar o não. Uma excelente maneira de habituar o aluno à disciplina que todos queremos é a segurança em perceber que, no futebol, na casa, na rua, na vida e, é claro, na escola, existem regras e existe a serenidade de quem as relembra e cobra (ANTUNES, 2013, p. 31).

Se não podemos mudar o todo, vamos ao menos tentar transformar o meio onde atuamos como educadores. Pois, quando os professores entendem os alunos, seus problemas e suas qualidades, certamente conseguem ser respeitados e vistos como alguém que faz parte da vida desses indivíduos além dos muros da escola.

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A omissão à indisciplina escolar não é e nunca será a solução do problema em questão. Isso só tende a aumentar o mau comportamento de meninos e meninas que muitas vezes só querem chamar a atenção dos educadores, ou porque não são bem tratados em casa, isto é, não recebem carinho nem têm a compreensão dos pais, ou simplesmente porque querem um pouco mais de carinho, respeito e atenção dos professores. Dessa forma, entende-se que professor bonzinho não significa ser omisso à indisciplina, pois o amigo verdadeiro é aquele que afaga, mas também sabe chamar a atenção nos momentos de desvio de conduta.

Conclusão

Após muito questionamento e reflexão sobre a indisciplina nas escolas brasileiras, chega-se à conclusão de que o problema não é recente, apesar de ter se agravado nas últimas décadas, nem tampouco será sanado do dia para a noite. A indisciplina existe desde os primeiros tempos da colonização do Brasil, quando o negro e o pobre não tinham direito à educação formal. O indígena, por sua vez, recebia apenas a educação baseada na doutrina cristã, cujo intuito, para os jesuítas, era converter os nativos ao catolicismo. Mesmo após a abertura das escolas “públicas” à população pobre, o que ocasionou a migração dos filhos da elite para os centros educacionais privados, as diferenças continuaram.

O aluno precisa ouvir não e, muitas vezes, a palavra firme do professor substitui a fragilidade com que as negações são trabalhadas em família

A qualidade do ensino caiu, o interesse em se investir nas escolas públicas ficou para último plano. O que temos como herança são escolas mal conservadas, professores mal remunerados, alunos mal preparados para concorrer às vagas de trabalho ofertadas por um mercado que exige cada vez mais mão de obra qualificada. Somando estes a outros fatores, percebemos que a violência física, moral, psicológica e material — sim, porque um ambiente que não tem uma estrutura adequada que leve o aluno ao aprendizado pleno e de qualidade trata-se de uma violência ao ser humano, principalmente, se tratando de seres em formação — são ingredientes para a indisciplina e a má convivência no ambiente escolar. Daí a necessidade de toda a comunidade se unir aos educadores para diminuir comportamentos inadequados por parte de alguns alunos dentro das escolas. É preciso trabalhar em conjunto. As escolas precisam convidar pais e responsáveis pelas crianças e pelos adolescentes a se juntarem à tarefa de educar. E dessa forma encurtar a distância entre escola e comunidade.

Ao Governo cabe investir mais nas escolas e na mão de obra que as compõe. Oferecer bons salários a professores e funcionários, ofertar um ambiente bem estruturado aos alunos e criar políticas públicas mais eficientes com o intuito de combater qualquer ato infracional que contribua para a indisciplina escolar.

José Raimundo de Jesus é pós-graduando em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira no Instituto Educacional Alfa. Licenciado em Letras com habilitação em Português e Inglês, atua como professor de Língua Portuguesa no Ensino Fundamental I e II na rede particular de ensino da cidade de Salvador/BA.

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Referências

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